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sexta-feira, 15 de julho de 2016

“Os Sete Saberes Necessários para uma Educação do Futuro” de Edgar Morin

Apontamentos do livro “Os Sete Saberes Necessários para uma Educação do Futuro” de Edgar Morin

Wladimir Jansen Ferreira

Deve-se buscar uma educação que pense nas futuras gerações.
Necessidade de complexificar o conhecimento, tendo várias perspectivas, complexo como “aquilo que está sendo tecido junto”.
Critica da organização em disciplinas com seu olhar simplificado e compartimentalizado, não múltiplo e reducionista.
O educador deve ter um olhar amplo, com uma missão de transmitir conhecimentos com reflexão, enfrentando incertezas, instrumentalizado por novos métodos e saberes.

1) Evitar as Cegueiras do Conhecimento:
Os erros, ilusões e cegueiras são frutos dos medos e desejos, mas impendem a compreensão da realidade, virando uma aujustificativa dos erros cometidos.
Para avançar, a educação do futuro deve ter consciência da possibilidade do erro, estando aberto, ser auto-reflexivo, buscar a lucidez, enfrentar as cegueiras e incertezas do conhecimentos.
Todos são passíveis ao erro (conhecimento, pessoas e a ciência) e por isso a ciência não pode tratar sozinha dos problemas epistemológicos/filosóficos/éticos.
Inteligência e afetividade são inseparáveis, devendo agir racionalmente com emoção.
Racionalização: império absoluto da razão porque constitui um sistema lógico aparentemente "perfeito", mas é falso, pois se nega a contestação/argumentação/verificação empírica.
Racionalismo: conhece os limites da lógica, do determinismo e do mecanicismo.

2) Princípios do Conhecimento Pertinente:
Não reproduzir conhecimentos com saberes fragmentados, repensar as disciplinas e não ter uma lógica excludente e binária.
As divisões estanques atrapalham e enganam, gerando um mal-estar coletivo e não permitindo a produção de um conhecimento pertinente (planetário e complexo).
Deve-se pensar em simbioses com trocas continuas, fortalecendo a criatividade, estimulando o uso da inteligência total, vinculando as partes com o todo, buscando métodos que contemplem a rica diversidade humana.
Nesta era planetária deve-se buscar o multidisciplinar, transversalidade, multidimensionalidade, transnacionalidade, global e planetário.

3) Ensinar a Condição Humana:
Reconhecer a humanidade com suas forças e limitações.
Valorizar diversidade cultural, pois o que “nos une é a espécie” e o que “nos separa é a cultura”.
Pensar cosmologicamente, com integração dos seres humanos com o planeta Terra e o Universo.
Pensarmos ao mesmo tempo em indivíduo/espécie/sociedade, em razão/afeto/pulsão e em cérebro/mente/cultura, onde unidade e diversidade humana devem ser conservadas e valorizadas.
Educação deve estudar a complexidade humana (cultural, histórica, biológica, etc).

4) Ensinar a Identidade Terrena:
Formação do ser humana integrado com a formação do planeta Terra, dos seres vivos e com a do Universo.
Defesa de uma globalização que introduza uma visão mundial mais poderosa, que seja integradora e desenvolva as faculdades afetivas e morais em escala terrena.
Ter sentimento de cuidado e pertencimento com o planeta Terra, pois é a “Terra-comum” e “pátria-mãe”. Valorização da sustentabilidade para as futuras gerações.
Educação deve valorizar o destino planetário do gênero humano e reconhecer a identidade terrena que é imprescindível para viver nesta nova era social.

5) Enfrentar a Incertezas:
Incertezas surgiram com algumas ciências físicas (termodinâmica, microfísica e cosmologia)
O caminho é feito de certezas e incertezas/desordens/acasos/involuções/caos. É preciso navegar no “oceano das incertezas” em meio de “arquipélagos de certezas”, saindo da zona de conforto ao buscar estas incertezas. Isto não significa cair em determinismos.
A educação deve buscar as incertezas, se preparando para o imprevisto e o inesperado, pensando no outro e criando estratégias para a mudança.

6) Evitar a Compreensão:
Risco da compreensão cair em simplificação e fugindo da totalidade.
Diferencia incompreensão entre mal-entendido e não-entendido.
Necessidade de se ir para a “raiz das causas da incompreensão”, com o estudo de suas modalidades e seus efeitos. Este saber é uma das bases mais seguras da educação para a paz, à qual estamos ligados por essência e vocação.

7) Ética do Ser Humano (antropoética):
Compreender dialogicamente/simultaneamente/complementariamente indivíduo/sociedade/espécie.
O repensar do pensamento é o pensar a democracia em sua plenitude, aonde indivíduo e sociedade se organizam conscientemente.
Desenvolver uma ética complexa do gênero humano, que garanta a diversidade de desejos humanos.

Por uma educação que desenvolva noções de comunidade planetária e de cidadania terrestre.

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MAPA CONCEITUAL do LIVRO:

Resumo do livro “A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento” de Edgar Morin

Resumo do livro “A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento” de Edgar Morin

WLADIMIR JANSEN FERREIRA

Resumo Indicativo
Edgar Morin critica a fragmentação do conhecimento e reflete sobre as nefastas conseqüências desta. Defenderá a necessidade de se reformar o pensamento conjuntamente com os sistemas de ensino e as instituições. É necessário que a humanidade forme cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos problemas atuais. As pessoas devem possuir um modo de pensar aberto e livre, encorajando o autodidatismo e a autonomia do espírito, para se viver a parte poética das vidas das pessoas. Necessidade de se ultrapassar as fronteiras históricas das disciplinas, buscando uma visão mais ampla e profunda. Para isso defenderá uma compreensão complexa ou holística da realidade (compreender os fenômenos na sua totalidade/globalidade). Enquanto          as disciplinas possuem um saber separado/fragmentado/compartimentado/hiperespecializado, a compreensão complexa compreenderá as realidades e seus problemas de forma polidisciplinares/transversais/multidisciplinares no seu contexto planetário. As disciplinas geram uma visão determinista/mecanicista/quantitativa/formalista, diluindo e ignorando tudo que é subjetivo/afetivo/livre/criador, enfraquecendo a percepção global e diminuindo o senso de responsabilidade e de solidariedade (humana e planetária). A noção de complexo vem de “tecido junto” (interdependente/interativo/inter-retroativo entre as partes e o todo). Superar diferenciação entre “cultura humanista” (leva em conta a inteligência/reflexão/integração pessoal) da “cultura científica” (separa áreas do conhecimento, não reflete sobre o destino humano e futuro da própria ciência). Para superar esta dualidade/bipolaridade, seria necessário revisitar o conhecimento e o pensamento, mudando de paradigma e não somente os reformando. O saber tem de ser “esotérico” (menos exclusivo de especialista, mais acessível e democrático). A reforma do pensamento é uma necessidade democrática fundamental para formar cidadãos capazes de enfrentar os problemas de sua época, permitindo o pleno uso das aptidões mentais e sendo condição obrigatória para sairmos da barbárie. Mais vale uma “cabeça bem-feita” (ligação entre os saberes) do que uma “cabeça bem-cheia” (saber acumulado). A educação deveria resgatar/despertar/estimular a curiosidade na sua prática pedagógica, desenvolvendo o “exercício da dúvida” e a crítica para resolver os problemas fundamentais da condição humana, evitando a acumulação estéril do conhecimento. Teríamos de compreender a relação dialética das partes com o todo, retomar o pensamento sistêmico. O estudo da condição humana não se daria somente pelo estudo das ciências humanas, filosofia e arte, mas pelas “ciências naturais renovadas e reunidas”: a Cosmologia, a Ecologia e as “Ciências da Terra”. Estas complexas organizações disciplinares permitiriam compreender a dupla condição humana (natural e metanatural), não separando o ser humano do Universo e do Planeta Terra, evidenciando a relação indivíduo/espécie/sociedade e compreendendo que somos seres simultaneamente cósmicos/físicos/biológicos/culturais/cerebrais/espirituais. As incertezas acabam com as certezas absolutas e precisam ser preservadas, mas enfrentadas globalmente. A educação deveria estar voltada para a autoformação pessoal e para a cidadania, ensinando a assumir a condição humana e a ensinar a viver. Também ajudará a pensar na organização dos “Três graus de ensino”. As cinco finalidades educativas são: “cabeça bem-feita”, “ensino da condição humana”, “aprendizagem a viver”, “aprendizagem da incerteza” e “educação cidadã”. É necessário que se transponha conhecimentos e esquemas cognitivos de uma disciplina para outra, em uma inter-poli-transdisciplinaridade que permite articular conhecimentos além da disciplina.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO; COMPLEXIDADE; CONHECIMENTO; INSTITUIÇÕES; PENSAMENTO.

Edgar Morin no livro “A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento”, critica a fragmentação do conhecimento e reflete sobre as nefastas conseqüências desta. Defenderá a necessidade de se reformar o pensamento conjuntamente com os sistemas de ensino e as instituições. É necessário que a humanidade forme cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos problemas atuais. Quer que as pessoas possuam um modo de pensar aberto e livre, encorajando o autodidatismo e a autonomia do espírito, para se viver a parte poética das vidas das pessoas.
Haveria uma necessidade de se ultrapassar as fronteiras históricas das disciplinas, buscando uma visão mais ampla e profunda. Para isso defenderá uma compreensão complexa ou holística da realidade, ou seja, compreender os fenômenos na sua totalidade ou globalidade. Enquanto            as disciplinas possuem um saber separado/fragmentado/compartimentado/hiperespecializado, a compreensão complexa compreenderá as realidades e seus problemas de forma polidisciplinares/transversais/multidisciplinares, no seu contexto planetário. A noção de complexo vem de “tecido junto”, interdependente, interativo, inter-retroativo entre as partes e o todo.
A organização disciplinar das ciências só teria a vantagem na divisão do trabalho, mas esta superespecializa, gerando confinamento e despedaçaria o saber, levando à ignorância e à uma “cegueira”. Isto pode ser visto na passagem de MORIN (p.15) à seguir:
Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só
trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os
inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do
despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira.

Esta organização disciplinar influenciaria negativamente as escolas, que isolam o objeto do conhecimento, separam disciplinas ao invés de reconhecer correlações, elimina tudo que causaria desordem ou contradições nos entendimentos e dissociam problemas em vez de reunir/integrar. As disciplinas geram uma visão determinista/mecanicista/quantitativa/formalista, diluindo e ignorando tudo que é subjetivo/afetivo/livre/criador, enfraquecendo a percepção global e diminuindo o senso de responsabilidade e de solidariedade (humana e planetária). O “reino dos especialistas” seria o “reino das idéias-ocas geniais”, dando vários exemplos, podendo destacar a economia, que é uma ciência avançada matematicamente, só que atrasada humanisticamente.
Portanto, há uma diferenciação entre “cultura humanista” (leva em conta a inteligência, reflexão, integração pessoal e não sendo somente estético) da “cultura científica” (apesar de gerar descobertas e teorias geniais, separa áreas do conhecimento, não reflete sobre o destino humano e o futuro da própria ciência). Para superar esta dualidade ou bipolaridade, seria necessário revisitar o conhecimento e o pensamento, mudando de paradigma e não somente os reformando. O saber tem de ser “esotérico”, ou seja, menos exclusivo de especialista e mais acessível à todos, democratizando este. A reforma do pensamento e o pleno emprego da inteligência seriam frutos da interligação destas culturas dissociadas.
Valendo-se da máxima do pensamento clássico de Montaigne, MORIN (p.21) afirma que vale mais uma “cabeça bem-feita” do que uma “cabeça bem-cheia”:
A PRIMEIRA FINALIDADE do ensino foi formulada por Montaigne: mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia. O significado de “uma cabeça bem cheia” é óbvio: é uma cabeça onde o saber é acumulado, empilhado, e não dispõe de um princípio de seleção e organização que lhe dê sentido. “Uma cabeça bem-feita” significa que, em vez de acumular o saber, é mais importante dispor ao mesmo tempo de:
– uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas;
– princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido

Isto significa que uma “cabeça bem-cheia” seriam um com saber acumulado, já na “cabeça bem-feita” há uma ligação entre os saberes. A educação deveria resgatar/despertar/estimular a curiosidade na sua prática pedagógica, desenvolvendo o “exercício da dúvida” e da crítica para resolver os problemas fundamentais da condição humana, evitando a acumulação estéril do conhecimento.
O ensino infelizmente separaria e não ligaria, analisaria e não sintetiza. Para que a educação ocorra plena, é necessário que o conhecimento una os objetos entre si, tendo uma necessidade cognitiva de inserir um conhecimento particular em seu contexto e situá-lo em seu conjunto.
O século XX a partir da década de 1960 estaria passando por uma “Revolução científica”, que estaria retomando o positivo pensamento sistêmico, gerando desdobramentos que interligaria conhecimentos, contextualizaria e globalizaria os saberes, fazendo com que as pessoas se pensem como parte de um sistema complexo, de um sistema planetário. O filosofo Blaise Pascal já falava que temos de compreender a relação dialética das partes com o todo, sendo que todas as coisas são “ajudadas e ajudantes, causadas e causadoras”, havendo uma unidade humana na diversidade das individualidades.
O ensino pode promover a convergência das ciências naturais, das ciências humanas, da cultura das humanidades e da Filosofia para o estudo da condição humana. O estudo da condição humana não se daria somente pelo estudo das ciências humanas, pela filosofia e pela arte, mas pelas “ciências naturais renovadas e reunidas”, no conhecimento transdisciplinar e do pensamento complexo. Estas novas ciências seriam: a Cosmologia (pensaria o Universo), a Ecologia (pensaria a natureza e o ecossistema) e as “Ciências da Terra” (pensaria o planeta Terra).
Estas complexas organizações disciplinares permitiriam compreender a dupla condição humana (natural e metanatural), não separando o ser humano do Universo e do Planeta Terra, evidenciando a relação indivíduo/espécie/sociedade e compreendendo que somos seres simultaneamente cósmicos/físicos/biológicos/culturais/cerebrais/espirituais.
Baseado no pensamento do filosofo Émile Durkheim, MORIN (p.47) afirma que a educação deveria criar no aluno um estado interior e profundo, gerando uma “polaridade de espírito” que o oriente em um sentido definido, não apenas na infância, mas em toda a vida. A educação deve transformar as informações em conhecimento e este em sapiência.
MORIN (p.59) diz que “Assim, quando conservamos e descobrimos novos arquipélagos de certezas, devemos saber que navegamos em um oceano de incertezas”. Isto significa que uma das maiores contribuições do conhecimento do século XX foi o conhecimento dos limites do conhecimento, estando expresso nesta outra passagem de MORIN (p.97):
É Copérnico quem retira do homem o privilégio de ser o centro do Universo. É Darwin quem o torna descendente do antropóide, e não criatura à imagem de seu Criador. É Freud quem dessacraliza o espírito humano, e, finalmente, é Hubble quem nos exila nas periferias mais afastadas do cosmo.

As incertezas acabam com as certezas absolutas e precisam ser preservadas, mas enfrentadas globalmente. É importante diferenciá-las em “incertezas cognitivas” e “incertezas históricas”. Existiriam também três princípios da “incerteza no conhecimento/cognitiva”: o cerebral (sendo um reflexo do real, tradução e construção, com risco de erro), o físico (interpretação está ligado ao conhecimento dos fatos) e o epistemológico (decorrente da crise dos fundamentos da certeza). Quanto à “incerteza histórica”, já estaríamos na aventura desconhecida, aguardando o inesperado e incerto. A questão da estratégia se mostra primordial, que se daria pela incerteza integrada à fé e à esperança, não pela falsa certeza.
A educação deveria estar voltada para a autoformação pessoal e para a cidadania, ensinando a assumir a condição humana, a ensinar a viver. Cidadania seria definida em uma democracia por sua solidariedade e responsabilidade em relação à sua pátria.
Neste momento, reflete-se sobre o Estado-nação, que é um “aparelho” com vários outros “aparelhos” (forças armadas, justiça, polícia, igreja, etc), sendo assim complexo por possuir diversas facetas (territorial/político/econômico/cultural/místico/religioso). Pensa-se em nação como uma sociedade em suas relações/interesses/competições/rivalidades/ambições/conflitos sociais e políticos, sendo uma comunidade de identidades/atitudes/reações ante o estrangeiro ou o inimigo. Comunidade teria um caráter cultural e histórico. Em uma relação dialética e antagônica, Nação seria maternal/feminina/momentos comunitários e o Estado seria paternal/masculino/autoridade absoluta.
Há uma correlação no desenvolvimento da consciência de humanidade e a consciência de nossa pátria-terrena, sendo a segunda necessária por ser uma concepção mais vasta de pátria, mais aberta e geradora de consciências planetárias. A educação deve permitir às pessoas para a autoformação da cidadania plena (quando as pessoas se sentem solidárias e responsáveis) e do significado de nacionalidade, ampliando as identidades nacionais para as identidades continentais e planetárias.
Edgar Morin também ajudará a pensar na organização dos “Três graus de ensino”. Em relação ao “ensino primário”, seria necessário fazer interrogações ao invés da destruição da curiosidade infantil, pois assim seria possível descobrir a dupla natureza humana (biológica e cultural). A relação de causa-efeito e entre a parte-todo seria valorizado nesta fase, onde a indagação sobre o ser humano deveria ser interligada à indagação sobre o mundo nas suas dimensões histórica/psicológica/social/física/biológica. As disciplinas deverão estar reunidas e ramificadas sem haver distinção, auxiliando no aprender a conhecer (a separar e unir, analisar e sintetizar ao mesmo tempo). Também se destaca a contextualização, a aprendizagem pela via externa (conhecimento das mídias) e interna (auto-analise e auto-critica). Neste grau de ensino também se ensinaria a língua, ortografia, historia e calculo.
No tocante ao “ensino secundário”, neste haveria o aprendizado da “verdadeira cultura” (que unifica as culturas das humanidades com a científica). Os programas deveriam ser substituídos por guias de orientação que situam as disciplinas nos novos contextos (Universo, Terra, vida e humano). Valorizaria também a matemática, a filosofia e o mundo/cultura dos adolescentes.
Já em relação ao “ensino universitário”, a universidade tem uma característica transecular e transnacional, devendo manter-se conservadora (no sentido de preservar o passado para o futuro e não no sentido dogmático/rígido), mas sendo também regeneradora e geradora de patrimônio cultural. O dialogo das culturas das humanidades e cientificas são primordiais, fornecendo um ensino metaprofissional e metatécnico (modernizando a cultura e “culturalizando” a modernidade). Há de se transcender o fato de ser uma máquina de produção e consumo para uma valorização da cultura humanista. Para que se reforme o pensamento, é necessário que se reforme a Universidade, com uma reorganização geral das faculdades e departamentos para ciências multidisciplinares em torno de núcleo organizador sistêmico/complexo/transdisciplinar (Ecologia, Ciências da Terra e Cosmologia). Cerca de 10% de todas as graduações deveriam ser voltados para um ensino comum (variando do matemático à ética e política, etc).
É necessário que se substitua um pensamento que isola/separa/disjuntos/redutor para um pensamento que distingue/une/complexo, ou seja, que liga e enfrenta a incerteza e favorece o desenvolvimento do senso de responsabilidade e cidadania. A reforma do pensamento tem conseqüências existenciais, éticas e cívicas, sendo uma necessidade democrática fundamental para formar cidadãos capazes de enfrentar os problemas de sua época, permitindo o pleno uso das aptidões mentais e sendo condição obrigatória para sairmos da barbárie.
Por fim, os problemas da educação têm de ser resolvidos cada vez menos de maneira quantitativa e mais de maneira orgânica para: reformar mentes e instituições para responder aos desafios complexos que os problemas impõem ao conhecimento; fornecer cultura para distinguir/contextualizar/globalizar problemas multidimensionais/globais/fundamentais; proporcionar mentes que enfrentam incertezas do Universo/vida/humanidade; apostar em um mundo melhor; compreender o humano entre próximos e distantes; ensinar cidadania terrena/unidade antropológica/diversidades individuais e culturais. Portanto, as cinco finalidades educativas (que estão interligadas) são: a “cabeça bem-feita” (aptidão para organizar o conhecimento), “ensino da condição humana”, a “aprendizagem a viver”, a “aprendizagem da incerteza” e a “educação cidadã”.
É necessário que se transponha conhecimentos e esquemas cognitivos de uma disciplina para outra, em uma inter-poli-transdisciplinaridade, que permite articular conhecimentos além da disciplina. É necessário metadisciplinar, ultrapassando fronteiras e conservando ao mesmo tempo, ou seja, modificando, mas não acabando com tudo já produzindo, sendo aberta e fechada.


terça-feira, 12 de julho de 2016

A profissão do geógrafo segundo o Pequeno Príncipe

"_ Que é um geógrafo? 
_ perguntou o principezinho. 
_ E um especialista que sabe onde se encontram os mares, os rios, as cidades, as montanhas, os desertos.
_ Isso é bem interessante_ disse o pequeno príncipe.
_ Eis, afinal, uma verdadeira profissão! E lançou um olhar, ao seu redor, no planeta do geógrafo."

(EXUPÉRY, Antoine Saint-, "O pequeno príncipe")


Complexidade do universo segundo QUINO


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Reflexões sobre Tecnologia e Sociedade

texto que fiz.
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Para se trabalhar bem na profissão de educador na era digital, é necessário refletir sobre várias coisas, iniciando pelo significado de conectivismo (rede de múltiplas interconexões), de ciberespaço (rede de informações interconectadas ao alcance de todos) e de cibercultura (conjunto de técnicas, práticas, culturas e valores à partir do ciberespaço).
Estamos em novo momento histórico da humanidade, sendo necessária uma atualização, pois saímos de uma “sociedade industrial da informação”, passando por uma “sociedade do conhecimento” e atingindo à uma “sociedade líquida”.
As características da sociedade líquida é o consumismo, imediatismo, padrões sociais de felicidade, esforço da mente, relações pessoais vulgarizadas com falta de laços sociais, desapego de amor, solidão, segurança e isolamento, materialismo, etc.
Esta nova sociedade por ser muito rápida, fluída e dinâmica (líquida) e obriga todos as pessoas (sobretudo os profissionais da educação) à ter uma postura dialética com flexibilidade, sabendo dialogar e convergir diferentes  posturas.
As famílias dos alunos e os próprios alunos são reflexo desta sociedade moderna-líquida, obrigando o educador à mudar sua postura educacional e pedagógica. A realidade está cada vez mais heterogênea e multifacetada, obrigando uma flexibilidade e trabalho diferenciado.
Já que a aprendizagem é fim e meio, sendo mediação de todo processo, as novas formas de comunicação e de mediação auxiliam na aquisição de conhecimentos e também para a aprendizagem significativa dos educandos. Os educadores e educandos possuem uma relação de aprendizagem mútua, pois ambos são receptores e emissores.
Estamos também em uma “sociedade do espetáculo”, onde é supervalorizado a imagem, a aparência, a simulação e o simulacro, em contrapartida do real significado ou essência das coisas. Isto obriga ao professor à trabalhar diferenciadamente.
A inclusão digital não vai emancipar o ser humano socialmente, mas vai possibilitar uma inclusão social maior. É necessário que se promova e fomente vários espaços tecnológicos na escola, não se resumindo somente às “salas de informática”, mas também é necessário que se repense o método de aula, pois uma aula tradicional também pode ocorrer com o uso de tecnologias avançadas.

Os educadores necessitam saber dialogar a mídia clássica (jornais impressos e livros) com a mídia contemporânea digital e on-line. Além do mais, é necessário que este realize um hibridismo de tecnologias, ou seja, saber trabalhar com o tradicional (giz e lousa) e o digital (TEDIC’s). Os alunos também precisam se conscientizar que o uso tecnológico da cultura digital é algo importante pedagogicamente, fazendo estes refletir sobre o currículo e o seu aprendizado. Isto somente reforça a característica interativa e critica de nossa sociedade líquida.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Reflexões acerca de "Educação e Diversidade".

texto que eu fiz.
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A educação sempre foi tratada na retórica da “igualdade alienada” em que homogeneíza os alunos, tirando suas subjetividades e particularidades sociais e culturais.
É correta a mudança de retórica da educação para a diversidade, sendo que os indivíduos possuem suas particularidades que devem ser valorizadas e respeitadas. as pessoas são iguais, mas diferentes, múltiplos e diferenciados.
Esta nova postura que surgiu pela demanda dos movimentos sociais a partir da década de 1990, possibilita vários avanços sociais e na aprendizagem do aluno, sendo que obriga o professor a realizar mudanças curriculares e ao Estado realizar mudanças nas políticas públicas.
A luta pela educação para a diversidade deve buscar o respeito e tolerância às diferenças (alteridade), além de uma luta contra a cultura da violência social e na escola.
Esta retórica nova possibilita que se pense o sujeito coletivamente na sociedade, reforçando o aspecto positivo de que a educação é essencial para a prática social e para a emancipação social.
  
Um debate sobre multiplicidades e diversidades étnico-raciais é válido na medida que se a busca uma educação para todos, é necessário que se inclua os excluídos na discussão e fisicamente nos espaços de educação (seja na escola ou no ensino superior com cotas)
É preciso que se conheçam os conceitos de raça e etnia, para que se saiba sobre o significado do racismo e para que haja o devido combate à este.
O racismo ocorre diferenciadamente em diversos pontos do globo, tendo sua particularidade no Brasil. É necessário que se desvende aos alunos como se construiu o “racismo à brasileira”, desde a diáspora negra, perpassando pelo período escravagista, pela construção dos “mitos de democracia racial” e de como as desigualdades étnico-raciais ocorrem no Brasil.
Os movimentos sociais conquistaram algumas coisas, caso da Lei 10639, que está permitindo uma revisão de identidades no Brasil e uma ruptura pedagógica nos currículos escolares. Muita coisa tem de ser revista, repensada e mudada nos currículos escolares ainda.
Por fim, o debate sobre sexualidade possibilitou novas reflexões, sendo que este é essencial para que se concretize a educação para a diversidade e para a formação de pessoas/sujeitos/indivíduos para viver coletivamente.

Para que a educação sexual se realize, é necessário que o professor saiba de alguns conceitos-chave, tais como: sexualidade, identidades (seja corporais, sexuais ou de gênero), sexo biológico, gênero, orientação sexual e as fases do desenvolvimento da criança.